Tuesday, September 26, 2006
HOJE O BRASIL É DOS BRASILEIROS?
Durante 10 anos o Brasil teve um dono. Ao fechar um contrato de exclusividade para a exploração do pau-brasil, em 1502, o cristão-novo Fernão de Noronha arrendou o país por três anos, à frente de um consórcio de judeus conversos. O acordo teriasido renovado em tês ocasiões. as obrigações do cartel eram: explorar o pau-brasil, defender a terra contra a cobiça de espanhóis e franceses, estabelecer uma feitoria, explorar 900 léguas (5,9 mil quilômetros) de litoral e pagar um quinto dos lucros à Coroa.
Em 1503, Noronha armou sua primeira expedição, descobriu a ilha que hoje tem seu nome e inicioua exploração do pau-de-tinta. Noronha, ou Loronha, agente dos judeus alemães Függer (monopolistas do cofre), era um ricoarmador nascido em Astúrias, na Espanha, que enviava frotas à Índia e possuia uma rede internacional de negócios, com sede em Londres. Durante uma década, foi o proprietário do Brasil.
Paus e Juros
O pau-brasil foi o primeiro monopólio estatal do Brasil: só a metrópole podia explorá-lo (ou terceirizar o empreendimento). Seria, também, o mais duraduoro dos cartéis: a exploração só foi aberta a iniciativa privada em 1872, quando as reservas já haviam escasseado brutalmente.
Exploração não é o termo: o quer houve foi uma devastação, com a derrubada de 70 milhões de árvores. Como que confirmando a vocação simbólica, o pau-brasil, em setembro de 1826, para o pagamento dos juros de primeiro empréstimo externo tomado pelo Brasil.
Ao deparar com o Tesouro Nacional desprovido de ouro, D. Pedro I enviou à Ingleterra 50 quintais (três toneladas) de toras de pau-brasil para leiloá-las em Londres. A esperança do inperador de saldar a dívida com o "pau-de-tinta" esbarrou numa inovação tecnológic:o advento da indústria de anilinas reduzira em muito o valor da árvore-símbolo do Brasil. Os juros foram pagos com atraso. Em dinheiro não em paus.
Que esta História nos faça refletir que precisamos nos redescobrir a cada dia de nosso viver e nos orgulharmos por sermos brasileiros............
Na terça-feira à tarde, foram os grandes emaranhados de "ervas compridas a que os mareantes dão o nome de rabo-de-asno." Surgiram flutuando ao lado das naus e sumiram no horizonte. Na quarta-feira pela manhã, o vôo dos fura-buchos, uma espécie de gaivota, rompeu o silêncio dos mares e dos céus, reafirmando a certeza de que a terra se encontrava próxima. Ao entardecer, silhuetados contra o fulgor do crepúsculo, delinearam-se os contornos arredondados de "um grande monte", cercado por terras planas, vestidas de um arvoredo denso e majestoso.
Era 22 de abril de 1500. Depois de 44 dias de viagem, a frota de Pedro Álvares Cabral vislumbrava terra - mais com alívio e prazer do que com surpresa ou espanto. Nos nove dias seguintes, nas enseadas generosas do sul da Bahia, os 13 navios da maior armada já enviada às Índias pela rota descoberta por Vasco da Gama permaneceriam reconhecendo a nova terra e seus habitantes.
O primeiro contato, amistoso como os demais, deu-se já no dia seguinte, quinta-feira, 23 de abril. O capitão Nicolau Coelho, veterano das Índias e companheiro de Gama, foi a terra, em um batel, e deparou com 18 homens "pardos, nus, com arcos e setas nas mãos". Coelho deu-lhes um gorro vermelho, uma carapuça de linho e um sombreiro preto. Em troca, recebeu um cocar de plumas e um colar de contas brancas. O Brasil, batizado Ilha de Vera Cruz, entrava, naquele instante, no curso da história.
O descobrimento oficial do país está registrado com minúcia. Poucas são as nações que possuem uma "certidão de nascimento" tão precisa e fluente quanto a carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao rei de Portugal, dom Manuel, relatando o "achamento" da nova terra. Ainda assim, uma dúvida paira sobre o amplo desvio de rota que conduziu a armada de Cabral muito mais para oeste do que o necessário para chegar à Índia. Teria sido o descobrimento do Brasil um mero acaso?
É provável que a questão jamais venha a ser esclarecida. No entanto, a assinatura do Tratado de Tordesilhas que, seis anos antes, dera a Portugal a posse das terras que ficassem a 370 léguas (em torno de 2 mil quilômetros) a oeste de Cabo Verde, a naturalidade com que a terra foi avistada, o conhecimento preciso das correntes e das rotas, as condições climáticas durante a viagem e a alta probabilidade de que o país já tivesse sido avistado anteriormente parecem ser a garantia de que o desembarque, naquela manhã de abril de 1500, foi mera formalidade: Cabral poderia estar apenas tomando posse de uma terra que os portugueses já conheciam, embora superficialmente. Uma terra pela qual ainda demorariam cerca de meio século para se interessarem de fato.
Os Tupiniquins
Ao longo dos dez dias que passou no Brasil, a armada de Cabral tomou contato com cerca de 500 nativos. Eram, se saberia depois, tupiniquins - uma das tribos do grupo tupi-guarani que, no início do século XVI, ocupava quase todo o litoral do Brasil. Os tupi-guaranis tinham chegado à região numa série de migrações de fundo religioso (em busca da "Terra Sem Males"), no começo da Era Cristã. Os tupiniquins viviam no sul da Bahia e nas cercanias de Santos e Betioga, em São Paulo. Eram uns 85 mil. Por volta de 1530, uniram-se aos portugueses na guerra contra os tupinambás-tamoios, aliados dos franceses. Foi uma aliança inútil: em 1570, já estavam praticamente extintos, massacrados por Mem de Sá, terceiro governador-geral do Brasil.
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