TIMOR LESTE
Comandante rebelde se rende
O líder do grupo rebelde acusado de tentar matar José Ramos-Horta, presidente do Timor Leste, se rendeu ontem, abrindo a perspectiva de que finalmente a situação política no país se estabilize. Gastão Salsinha e 12 de seus homens se entregaram ao vice-primeiro-ministro, José Luis Guterres, durante um encontro a portas fechadas na sede do governo, em Díli. Várias autoridades, inclusive o próprio Ramos-Horta, assistiram à reunião. O atentado que quase matou o presidente, de 58 anos, ocorreu em fevereiro na casa dele. Os rebeldes entregaram armas, fardas camufladas, granadas e outros equipamentos militares. Dois integrantes do grupo continuam foragidos. “Como indivíduo, eu o perdôo, mas como chefe de Estado, digo que ele tem de enfrentar o tribunal”, afirmou Ramos-Horta.
Folha de São Paulo SP terá dia frio no feriado de 1º de Maio
Frente fria vinda do Sul chegou na noite de ontem ao Estado e afetará as regiões Sudeste, Centro-Oeste e parte da Norte
ESTEVÃO BERTONI, DA REDAÇÃO & MATHEUS PICHONELLI,
Uma frente fria vinda do Sul do país, que chegou na noite de ontem ao extremo sul de São Paulo e avançou pelo resto do Estado, deve derrubar hoje as temperaturas em até 10C na capital paulista e manter frio o feriado de 1º de Maio em boa parte do país, segundo o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos).
As regiões mais afetadas serão Sul, Sudeste, Centro-Oeste e parte da Norte, especialmente em Rondônia, no Acre e no sul da região amazônica. No Sul, a temperatura deve chegar a 0C. Norte de Minas Gerais, Nordeste e grande parte do Norte não sofrerão tanta influência da frente fria.
Segundo o Ciram (Centro de Informações de Recursos Ambientais) de Santa Catarina, há previsão de geada durante a madrugada e ao amanhecer nas serras gaúcha e catarinense.
A massa de ar frio continua a avançar hoje por São Paulo e pelo Rio de Janeiro e deve deixar o tempo nublado, com pancadas de chuva na capital e no litoral paulista. Hoje, a previsão é que a máxima em São Paulo seja de 19C; a mínima, de 14C.
Amanhã, o tempo estará encoberto, com chuvas isoladas. A máxima chega a 17C; a mínima, a 13C.
Na sexta-feira, o dia deve permanecer nublado e com pancadas de chuva, mas as temperaturas deverão apresentar um ligeiro aumento. A máxima vai a 18C; a mínima, a 15C.
O tempo melhora um pouco no sábado, mas o dia ainda será nublado, com pancadas de chuva. As temperaturas devem variar entre 16C e 21C.
Mau tempo
Choveu ontem durante o dia nos três Estados do Sul. Na região de Curitiba, temporais alagaram casas e ruas, deixaram pessoas sem água, derrubaram e destelharam construções.
Uma estação de tratamento de água interrompeu o fornecimento devido ao alagamento do canal de captação. Cerca de 600 mil moradores de Curitiba, Pinhais e São José dos Pinhais permaneciam sem água até o final da tarde de ontem.
O Serviço Meteorológico da Marinha divulgou ontem aviso de mau tempo para navegação na costa e no alto-mar no Sul do país. A previsão é de que os ventos cheguem a 100 km/h e as ondas atinjam até quatro metros de altura no oceano.
Por conta disso, a Defesa Civil de Santa Catarina desaconselhou ontem a navegação de pequenas e médias embarcações perto da costa por conta da agitação do mar. Recomendou, ainda, que a população evite nos próximos dias, como forma de prevenção de acidentes, transitar próximo ou embaixo de árvores e postes.
Anteontem à tarde, chuvas de granizo provocaram estragos no Estado. Em Celso Ramos (356 km de Florianópolis), pelo menos 500 casas ficaram danificadas. Dez mil telhas foram encomendadas pela prefeitura, e mais de cem famílias tiveram de deixar suas casas.
Parte do município ficou sem luz desde o meio da tarde de segunda-feira até o final da tarde de ontem. As aulas ficarão suspensas na cidade durante toda a semana.
Também houve ocorrência de granizo em Ouro (450 km de Florianópolis). Cerca de cem casas ficaram danificadas.
Folha de São Paulo TODA MÍDIA
"À BALA"
Nelson de Sá
Por outro lado, agências da AP à Xinhua seguem de perto a negociação na Colômbia do Conselho de Defesa sul-americano, entre o presidente Alvaro Uribe e Nelson Jobim. Mas o que ecoa na região é a frase do ministro, de que as Farc serão recebidas "à bala".
Folha de São Paulo STF deve votar contra saída de não-indígenas de reserva
No caso da Raposa/Serra do Sol, ministros do tribunal argumentam haver cidades inteiras dentro da área demarcada como indígena
ELIANE CANTANHÊDE, VALDO CRUZ e KENNEDY ALENCAR
O STF (Supremo Tribunal Federal) restringirá a edição de medidas provisórias de créditos extraordinários do Orçamento da União. E tende a modificar o modelo de demarcação contínua da reserva Raposa/Serra do Sol, em Roraima.
No caso da reserva, o objetivo é evitar a remoção de não-indígenas. Segundo a Folha apurou, o STF deve criar "ilhas" na reserva, segundo a expressão ouvida no Supremo.
No das MPs, o Supremo avalia que há abuso do Executivo, que recorre ao artifício para modificar o texto do Orçamento aprovado no Congresso.
Ao julgar o modelo de demarcação da reserva, o Supremo deverá deixar claro que, apesar da pressão de setores e ONGs internacionais, as Forças Armadas não sofrerão constrangimento para atuar em território indígena em todo o país, porque a propriedade das reservas é da União.
O Brasil é signatário da "Declaração dos Povos Indígenas" da ONU (Organização das Nações Unidas), de 2007, que assegura o direito dos índios à terra e aos seus territórios. Isso preocupa as Forças Armadas, porque poderia caracterizar um território autônomo dentro do território nacional.
O comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, admitiu publicamente que temia "ameaça à soberania nacional", já que a reserva fica em área de fronteira.
O Supremo dirá que a declaração não é convenção, tratado nem tem força de lei. Trata-se de manifestação política.
A demarcação da reserva Raposa/Serra do Sol foi feita em 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso, e homologada já na gestão Lula, em 2005. O Planalto começou a recuar na defesa da demarcação contínua devido à tensão gerada pelo processo de retirada dos não-indígenas da área.
Produtores de arroz, por exemplo, ameaçaram entrar em conflito contra índios e a Polícia Federal para ficar na reserva, e o STF suspendeu as ações de retirada dos não-índios para estudar a questão.
Em reunião com líderes indígenas no Planalto, Lula disse que apóia a demarcação contínua, mas, nos bastidores, torce para que o STF mude a regra. Se houver ônus político, será do Supremo, não do governo.
Na opinião da maioria dos ministros do STF, há argumento jurídico para manter na reserva populações não-indígenas que vivem na área, algumas desde 1880 e outras que foram estimuladas pela ditadura militar de 1964 a aderir à colonização de Roraima. A tendência do STF é reconhecer a legitimidade dessas ocupações. Ministros argumentam que há cidades inteiras dentro da reserva e não faria sentido sua remoção.
Atualmente, dentro da reserva já existem duas áreas de exclusão -dos municípios de Normandia e Uiramatã. Políticos do Estado defendem a criação de mais quatro -vale do Arroz, lago de Caracaranã, vila Surumu e a área da hidrelétrica do rio Cotingo, em construção.
Medidas
No caso das MPs, segundo a Folha apurou, o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, já disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a tendência é a de restringir as MPs no caso de créditos extraordinários do Orçamento. Só falta um voto para a derrota do governo -o placar está em cinco a três.
A cúpula do governo já contabiliza que essa restrição acontecerá e se empenha para evitar que o Congresso reduza ainda mais o alcance das MPs em proposta em discussão na Câmara.
Folha de São Paulo Índia recebe Ahmadinejad e irrita o governo dos EUA
Irã negocia com indianos gasoduto de US$ 7,6 bilhões que atravessará Paquistão. Departamento de Estado quis que Índia pressionasse o Irã para cessar programa nuclear; Nova Déli disse que dispensava "orientações"
DA REDAÇÃO
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, fez ontem à noite uma escala de cinco horas em Nova Déli e não assinou nenhum contrato. Mas isso bastou para que a Índia desse nova prova de independência com relação aos Estados Unidos, que procuram isolar o Irã em razão de seu controvertido programa nuclear.
Ahmadinejad foi recebido pelo primeiro-ministro Manmohan Singh e pela presidente Pratibha Patil. Foi a primeira visita desde 2003 de um governante do Irã à Índia.
Os dois países negociam um gasoduto de 2.500 km de extensão, a um custo de US$ 7,6 bilhões. Ele atravessaria o Paquistão. Mas o projeto escorrega na tarifa exigida pelo Irã para entregar o combustível e na desconfiança da Índia quanto à travessia do duto pelo território de seu histórico inimigo regional, com o qual precisará negociar uma taxa de royalties.
EUA ditaram pauta
Mas o importante na visita de Ahmadinejad está no interesse comum, dele e da Índia, de provocar a irritação americana. Na semana passada, o porta-voz do Departamento de Estado, Tom Casey, sugeriu que Nova Déli pressionasse o presidente iraniano a cessar o enriquecimento de urânio e a não mais apoiar o Hizbollah e o Hamas, grupos antiisraelenses no Oriente Médio.
Na ocasião, o Ministério das Relações Exteriores da Índia respondeu que duas civilizações milenares, a sua e a iraniana, não precisavam de "orientações" sobre como se relacionar.
Ainda ontem, Shiv Shankar Menon, o chefe da diplomacia indiana, declarou que a região se estabilizará se o Irã não permanecer isolado.
É o oposto do que pensam os Estados Unidos, que trabalham por esse isolamento, como forma de pressão para que os iranianos não levem adiante o plano que lhes é atribuído de construir a bomba atômica.
Lalit Mansigh, ex-embaixador da Índia em Washington, disse ao "New York Times" que é positivo para o governo indiano tomar iniciativas que possam desagradar aos EUA.
Um integrante do governo de Nova Déli, não identificado, também afirmou ao jornal americano que a visita de Ahmadinejad "é de alta visibilidade, mas de magras chances de gerar resultados concretos".
O "Times" não bate apenas na tecla da irritação da administração Bush. Há um outro pacote de motivos que leva o Irã a se manter próximo da Índia. Ele é o segundo maior fornecedor de petróleo aos hindus, superado apenas pela Arábia Saudita. O Irã é também influente no Afeganistão, cuja instabilidade preocupa a Índia. Por fim, os iranianos exercem liderança sobre a minoria xiita da Índia, com a qual o governo procura manter boas relações.
Antes de desembarcar em Nova Déli, Ahmadinejad, em visita oficial ao Sri Lanka, assinou contrato de empréstimo de US$ 1,5 bilhão para que aquele país amplie sua principal refinaria de petróleo e sua capacidade de geração hidrelétrica.
Na ocasião, o presidente iraniano afirmou que "podemos dar segurança e manter boas relações, mas alguns países poderosos [referência aos EUA] criaram divisões entre os povos e nacionalidades".
Com agências internacionais
Folha de São Paulo EUROPA
Sérvia é aceita como candidata à adesão à UE
A União Européia assinou ontem com a Sérvia um tratado que teoricamente dá início ao processo de adesão daquele país ao bloco, apesar de divergências sobre a independência de Kosovo e da não entrega ao Tribunal de Haia de sérvios implicados em genocídio nas operações de "limpeza étnica".
O documento foi assinado pelo vice-primeiro-ministro Bozidar Djelic, depois que a Bélgica e a Holanda recuaram do veto ao início das negociações.
O ministro holandês do Exterior, Maxime Verhagen, insistiu para que a Sérvia entregue seus assassinos, como Ratko Mladic, responsável pela morte de 8.000 muçulmanos.
O Dia ‘Imigrantes’ em alto-mar
Maior porta-aviões do mundo, americano, tem dez brasileiros que trabalham e vivem a bordo
João Ricardo Gonçalves
Rio - Na costa do Estado do Rio desde a semana passada, o maior porta-aviões do mundo, o americano USS George Washington, é chamado de “cidade sobre as águas”. Como em muitas localidades americanas de verdade, a embarcação leva também “imigrantes” brasileiros e filhos de pessoas que nasceram no País e se mudaram para os EUA. Segundo tripulantes, cerca de 10 brasileiros viajam com o navio, alguns de “mala e cuia”.
É o caso da controladora de vôo Cynthia Cavendagne, 21 anos, que tem pais cariocas de Botafogo, mas nasceu em Miami. “Começei a fazer faculdade nos EUA, mas queria conhecer o mundo. Eu e uma amiga decidimos nos alistar. Atualmente moro no navio e nem tenho casa fora. Gosto muito da vida aqui”, diz a militar, em português.
Entre os passatempos prediletos de Cyntia no navio estão conhecer as cidades de onde ele se aproxima, malhar em uma das cinco academias do porta-aviões e ver canais de TV exclusivos da própria embarcação.
Já o sargento de primeira-classe Lucimar dos Santos, 29 anos, de Santo André (SP), e o cabo Felipe Rocha, 21, de Belo Horizonte (MG), que trabalham na pista de vôo sinalizando para os aviões que pousam, gostam de disputar torneios de futebol em alto-mar.
Eles também se dizem felizes na Marinha americana: “O único problema é a saudade da minha filha que acabou de nascer, na Flórida, mas em poucos meses vou vê-la”, conta Lucimar, que está nos EUA desde os 16 anos, e ganha US$ 3 mil por mês.
Brasileiros que participam do Unitas, o treinamento conjunto com americanos e argentinos, e outros exercícios também aproveitam para trabalhar na embarcação. “Estou gostando muito do navio, mas em termos de preparação e procedimentos não ficamos devendo”, afirma o primeiro-sargento Josias Nogueira Bocórnio, 41, que trabalha no porta-aviões São Paulo.
Wednesday, April 30, 2008
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